17/04/2025 08:51h - Curitiba - Policial

PF demitido por surto psicótico atuou na Lava Jato e foi citado em CPI

Ronaldo Massuia, agente da PF demitido por Lewandowski, matou uma pessoa e feriu três em um posto de combustíveis em Curitiba - Foto: Reprodução

Demitido do cargo de agente da Polícia Federal (PF), Ronaldo Massuia Silva está preso por matar uma pessoa e ferir outras três durante um desentendimento em um posto de combustíveis em Curitiba (PR). Entre 2014 e 2016, Massuia atuou no núcleo de agentes e delegados da PF responsáveis pelas ações da Operação Lava Jato, que investigou um esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propinas envolvendo a Petrobras e grandes empreiteiras. Lotado na Superintendência da PF no Paraná, Massuia participou das ações relacionadas à Lava Jato, conduzida pela Justiça Federal naquele estado. Em 2015, teve seu nome citado na CPI da Petrobras, instaurada após a revelação do esquema de propinas investigado pela operação. O ex-agente foi aprovado em concurso da Polícia Federal em 2002 e concluiu o curso de formação na Academia Nacional de Polícia, em Brasília, no ano seguinte. A exoneração de Massuia foi assinada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, com base no argumento de que o policial abusou de sua condição funcional, utilizou indevidamente arma da corporação e cometeu outras irregularidades. Antes de ser demitido, ele recebia salário de aproximadamente R$ 15 mil. Em sua defesa, Massuia alegou estar "emocionalmente abalado" e ter sofrido um "surto psicótico" na época do crime. Ele tem 46 anos e é natural de Barueri, na Grande São Paulo. Em seu nome, constam imóveis no bairro Ahu, em Curitiba, em Alphaville Empresarial (Barueri) e na Barra Funda, em São Paulo. O crime Ronaldo Massuia disparou 15 tiros dentro da loja de conveniência de um posto de combustíveis em Curitiba, na madrugada do dia 2 de maio de 2022. O fotógrafo André Munir Fritoli, de 32 anos, que estava no local com a namorada, foi atingido por três disparos e morreu no local. Outras três pessoas ficaram feridas. Massuia chegou ao local dirigindo um carro da Polícia Federal. Ele havia saído de uma festa, onde teria se envolvido em uma confusão com outro frequentador. Testemunhas relataram que o policial apresentava sinais de embriaguez e se dirigiu ao segurança do posto de forma agressiva.As câmeras de segurança do estabelecimento registraram o momento em que Massuia discute com outras pessoas na loja e saca uma arma. O vídeo mostra o agente atirando à queima-roupa nas vítimas, inclusive em algumas que já estavam caídas no chão. Ele sai da loja e continua atirando em direção a outros clientes. Após os disparos, Massuia sentou-se em uma mureta do posto e foi preso pela Polícia Militar. Aos policiais, disse ter agido em "legítima defesa". "De alguma forma, no princípio das coisas, eu agi em legítima defesa. Só que, assim, eu estou emocionalmente abalado", afirmou. O delegado Wallace de Oliveira Brito, responsável pela investigação do caso em 2022, declarou que Massuia agiu "como se fosse um terrorista, à caça; ele atirava nos que estavam deitados". O Ministério Público do Paraná (MPPR) denunciou o ex-agente por homicídio triplamente qualificado, sete tentativas de homicídio e ameaça. Em 2023, a 1ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba decidiu que ele será julgado por júri popular, em data ainda não definida. Massuia aguarda julgamento no Complexo Médico Penal (CMP) de Pinhais (PR).

Fonte: Metrópoles

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